sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Diálogos III

Naquela lanchonete que não é limpa tanto o quanto você gostaria mas que aquela garçonete bonitinha sempre faz você voltar.

Ele: Faz um tempo que a gente não troca uma idéia, né?

Eu: É verdade, faz mó cara.

Ele: "Mó cara"? Seu vocabulário decaiu dessa forma?

Eu: Tava demorando a você encher meu saco...

Ele: Não é encher seu saco, é simplesmente a verdade.

Eu: Tá tá tá, deixa pra lá...Olha, tava pensando em uma coisa.

Ele: Lá vem mais uma teoria que prova que você é "looser" e que deviamos ter pena de você?

Eu: Hey, eu nunca quis pena!

Ele: Ok ok, corta o momento de auto-preservação e fala logo o que você quer falar.

Eu: Sabe, eu sempre pensei que conquista uma garota fosse como um jogo de tabuleiro.

Ele: Eu sei que eu vou me arrepender MUITO por isso mas...Me conte.

Nesse momento a gente pede o sanduíche, infelizmente a garçonete bonitinha foi atender a outra mesa, um casal (e eu acho que a garota bebeu um pouco demais), no lugar dela uma mulher de seus 24 anos e rostinho de 32 veio nos atender, eu fico feliz por ver que ela está sorrindo ao atender alguém que mais parece falar sozinho.

Eu: Você quer mesmo saber?

Ele: Cara, eu tenho por acaso outra opção?

Eu: Não.

Ele: Conte, você é minha carona mesmo.

Eu: Eu sempre pensei que a jornada de conquistar uma guria era baseada mais ou menos em algo como aqueles games em que você joga o dado e daí tem uma missão, Sabe?

Ele: Não?

Eu: Você joga o dado e aparece "ande três casas", "volte duas" saca?

Ele: Ah, sei sim qual é, mas o que seria o jogar de dados?

Eu: Então, eu pensava que eram atos.

Ele: Como assim? meio "cavalheiro"?

Eu: é, mais ou menos, você ia deixar ela em casa e por isso ganhava mais pontos.

Ele: Você tinha o que, 7 anos?

Eu: Pra ser sincero eu acreditava nisso até pouco tempo.

Ele: Nossa, são nesses momentos que eu penso que talvez você tenha algum tipo de retardo mental, quantos anos você tem, 22?

Eu: 21, acho que você deveria saber disso...Deixa pra lá, posso continuar.

Ele: Go Get Them, Tiger.

Eu: Eu me lembro muito bem quando tinha uns 13 anos, eu tinha uma apaixonite por uma garota e ia deixar ela em casa, aquela velha esperança de que ela iria me achar legal e me dar um beijinho quando eu fosse embora.

Ele: Isso é culpa dos filmes dos anos 80.

Eu: Eles te fazem pensar que segurar um rádio na janela de uma garota tocando Peter Gabriel vai fazer ela gostar de você.

Ele: Maldito John Hughes.

Eu: Cameron Crowe que fez esse.

Ele: John Hughes continua sendo um maldito.

Eu: Eu gosto dos filmes dele.

Ele: Claro que gosta, você é uma menininha de 13 anos apaixonada.

Eu: Pois bem...

Ele: Sim sim, continue...

Eu: Eu acreditava que fazendo algo, sei lá, acho que eu ainda cortejo a guria.

Ele: Corteja? Nossa, você tá onde? Século XVII?

Eu: Ah, desculpa Zé Mayer.

Ele: Não é assim também, a vida não é fácil.

Eu: Eu sei.

Finalmente nossa comida chega, minha comida na verdade, ele resolveu não pedir comida e sugar do meu, dessa vez a garçonete bonitinha veio nos servir, ela sorriu mas não porque eu sou especial ou algo, ela sorriu porque me fazer pensar que ela está feliz faz parte do trabalho dela, pra completar eu vi que existe uma aliança na sua mão esquerda, a única coisa que consegui pensar foi : "Droga, malditos matrimônios".

Ele: Sabe o que eu acho?

Eu: Eu acho que você deveria não comer minha batata e pedir uma pra você.

Ele: É sério, você deveria ter uma "Fuck Friend".

Eu: Quem? Uma ex?

Ele: É, uma boa idéia.

Eu: Não, nunca é uma boa idéia.

Ele: Por que? Eu acharia I-R-A-D-O.

Eu: "Mó cara" é proibido, mas achar algo "irado" é legal né?

Ele: Ué, é normal! "Mó Cara" parece roteiro ruim de malhação.

Eu: Existe algum bom?

Ele: Tanto quanto filme do Harrison Ford sem que ele corra.

Eu: Tem aquele filme com a Michelle Pfeifer.

Ele: Eu tenho quase certeza que tem uma hora que ele dá uma corridinha.

Eu: Cala a boca.

Comemos e fomos embora, eu sempre sinto umas saudades das conversas com Ele, mas daí quando eu tenho uma eu sempre me lembro porque nunca volto, é como ir a igreja aos domingos.