domingo, 20 de março de 2011

Diálogos VIII

Naquele mesmo bar do outro dia, só que está um pouco mais quente que o habitual e eu estou usando uma camiseta de manga longa, o que é estúpido nessa época do ano.

Eu: acho que vou nessa

Ele: típico

Eu: O que? tá chato.

Ele: com você talvez uma festa de pijamas na mansão playboy vai ser chato.

Eu: não é pra tanto.

Ele: imagina, duas coelhinhas da playboy com aqueles pijamas que ninguém usa porque não possui aqueles corpos te chamando para uma "sexy hot tube time machine" ?

Eu: Duas? Não me garantiria, tenho que usar todas as forças pra uma! imagina duas?

Ele: sério, você tem problemas.

Eu: Vou pra casa...

Ele: Não, eu quero ficar mais.

Eu: Mas eu não quero.

Ele: Você tem que ficar, cara! Vou te ensinar como se vive.

Eu: Você?

Ele: Sim, eu.

Eu: Brigado, vou pra casa.

Ele: Não, não! É sério, eu posso te mostrar quais são os alvos fáceis desse lugar.

Eu: Alvo fácil? Sabe um alvo que eu gostaria de atingir?

Ele: Pronto, é disso que eu tou falando.

Eu: 3 "Double KO" na XboxLive.

Ele: Pare com isso, é um sábado. Isso é mais deprimente do que tomar um antidepressivo, ligar um filme pornô e tentar acabar antes que o efeito chegue.

Eu: Geez, você já fez isso né?

Ele: Nunca, eu tenho cara de quem precisa disso?

Eu: Porque mentir?

Ele: Uma vez, minha namorada ia passar o fim-de-semana comigo...Mas ele teve que viajar com os pais...Eu tava só...Entediado.

Eu: Eu nem estou te julgando cara.

Eu: Ok ok, vou me despedir do pessoal.

Ele ainda insistiu que eu deveria ficar mais um tempo mas minha vontade de ficar enclausurado no meu quarto era maior, próximo fim-de-semana é o que eu vou fazer: Ficar em casa e destruir aqueles malditos italianos que insistem em jogar com seu sotaque de Corleone.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Contos Niilistas - Te enganei, é só mais um diálogo.

- Não é você.
- Bla bla bla "sou eu" não teria algo melhor? Seja sincera.
- Não, realmente sou eu.
- É?
- É! O problema sou eu, Eu não gosto mais de você.
- Você soou meio...
- Sincera?
- Filha da Puta

And that's what she said.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Diálogos VII

Ás vezes eu tenho a impressão que eu estou vivendo a vida de outra pessoa.

Ele: Sexta feira hein?

Eu: Festa Duro!

A conversa tem a mesma animação da minha tia que sofre de catatonia e que não consegue se levantar pra ir ao banheiro, ela usa uma sonda faz uns sete anos, isso aconteceu depois que seu marido morreu se suicidando usando uma serra elétrica daquelas de cortar madeira, mas isso é uma outra história.

Ele: Seja honesto...

Eu: Party Hard!

Ele: É sério, eu só quero saber como você tá...

Eu: porque se preocupa comigo né?

Ele: Não, porque sua miséria torna minha vida bem melhor...É como estar gripado e encontrar alguém com falência nos pulmões.

Eu: Essa pessoa estaria morrendo ou morta e não poderia te falar nada.

Ele: Eu sei, é daí que vem o sentimento. Ele perdeu, eu não.

Eu: Sua sensibilidade ás vezes me corrói.

Ele: Mas me conta, e Ela?

Eu: Você estava certo.

Sarcasmo é algo que é muito legal de ser usado, mas quando usam conosco parece tão bem aplicado como um chute no saco.

Ele: Espera, eu tava certo? Eu ouvi direito?

Eu: Você estava certo. (eu repito só pra poder sentir mais raiva)

Ele: Eu mereço um ramalhete não? Ah, não...Eu falei o ÓBVIO! Não foi nada genial.

Eu: Eu costumo querer ter relacionamentos com quem eu faço sexo.

Ele: Se você fosse em um bordel você se casaria com a puta-madre?

Eu: Não, é diferente.

Ele: porque você sabe no que tá se metendo e não cria falsas esperanças.

Eu: não, porque eu não vou em bordéis.

Ele: Você faz isso pra me irritar...

Eu: Ela voltou com o ex-namorado.

Ele: Ela te falou isso?

Eu: Não.

Ele: E como você fez pra saber disso?

Eu: Bem...eu perguntei como tinha sido o carnaval e ela disse : "Hmm...Foi bommm"

Ele: E o que tem a ver?

Eu: Ela fez sexo, MUITO SEXO.

Ele: você soube dessa forma?

Eu: Ela poderia ter dito que "Foi Legal" ou até mesmo "Muito Foda!" só que quando se enfatiza no "Bom" é porque sei lá, ela teve um encontro com o próprio Long Dong silver.

Ele: Nossa, você tem problemas.

Eu: Não, é sério.

Ele: Bem...Ou ela é má, sem emoção, um ser humano miserável ou...Um robô.

Eu: Talvez um andróide...

Ele: Tipo uma T1000 programada pra destruir seu coração.

Eu: Não seria a T-X?

Ele: Não, aquele filme é muito ruim e não é mais canônico.

Eu: Ok então, um T-1000 programado para destruir meu coração...

Ele: É uma boa, né? Parece Plot de filme dos 80's.

Eu: Uma mistura de "Mulher Nota-Mil", "Namorada de Aluguel" e "Exterminador do Futuro".

Ele: Isso é Épico.

Ficamos conversando de como essa trama imbecil daria uma ótima sessão da tarde, estamos pensando em fazer um curta.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Contos Niilistas - Feux

Eu acordo e olho pra o teto do meu quarto, o branco do forro é sempre enaltecido porque eu acho que tem uma telha quebrada e daí logo pela manhã entra luz bem em cima da minha cabeça deixando mais forte.

Lembro que uma das maiores dificuldades quando guri foi entender a cor Branco, nunca entendi porque se eu juntasse todas as minhas massas de modelar daria "preto"(dava uma cor de escremento na verdade), se unisse todas as minhas tintas de pintar dava preto, todos os hidrocores dava preto e minha professora insistia em dizer que o preto era ausência de cor e o branco a união delas. Por causa da luz e tudo mais.

Sempre é complicado quando a teoria te confunde com a prática.

Hoje eu acabo tendo o mesmo dilema.

Eu sei porque eu tenho que comer, inanição mata.

Mas ultimamente eu vejo o ato de socializar como um trauma psicológico que pode ser tratado, exílio nunca me pareceu uma resposta tão bela como ultimamente.

É o mesmo dilema da cor branca, por mais que minha professora me diga que todas as luzes unidas formem o branco, minha experiência com cores me diziam que elas formavam o negro.

Por mais que me digam que eu preciso de pessoas ao meu redor, carinho e tudo isso para sobreviver, minhas experiências com essas coisas me mostram o contrário.

- Se eu fosse jovem, eu fugiria dessa cidade e enterraria meus sonhos há sete palmos, eu beberia até a morte.

- Mas você é jovem.

- Vamos, beber até a morte.



sábado, 5 de março de 2011

Contos Niilistas - Meu primeiro conto minimalista

Ontem eu joguei fora meu coração;
Talvez hoje eu tenha entendido;
Ele parecia uma pedra pomes, aquelas sabe...de passar no pé;
Eu ri e entendi como tudo funcionava;
Não vou negar, esse buraco é muito mais confortável;
As cores estavam mais belas e sorrisos também;
Eu acho que ele faz isso em mim porque você pensa: "o que será que vai enchê-lo?" Te dá esperanças;

terça-feira, 1 de março de 2011

Diálogos VI

No mesmo banco, na mesma praça...

Ele: Cara, qual o seu problema?

(eu sinto o cheiro da indgnação)

Eu: Oi? Bom dia pra você também.

Ele: Não, sério...Qual o seu problema?

Eu: O que eu fiz dessa vez?

Ele: Você sabe muito bem o que fez, pare de ser sonso.

Eu sei o que eu fiz, mas podia ser qualquer outra coisa não é?

Ele: Você tá fazendo merda novamente.

Eu: Eu sei o que eu tou fazendo.

Ele: Não, você não sabe. Ela é Má!

Eu: Que? Isso não é um filme, você sabe disso, né?

Ele: Você já se fodeu várias vezes, porque fica voltando nisso?

Eu: Eu tenho tudo sobre controle.

Ele: Não, você não tem porra nenhuma sobre controle.

Eu começo a me assustar com a forma como Ele grita, parece que realmente isso vai mudar algo.

Eu: Não cara, é sério! Eu tenho tudo sobre controle, eu estou bem.

Ele: Não, você está se enganando mais uma vez! Está criando espectativas mais uma vez, está vivendo na merda do seu mundo esquizofrênico onde você espera que no fim tudo dê certo e que você fique com a cheerleader porque é assim que aconteceu nos seus filmes pastiches feitos nos anos 80.

Eu: Será que eu não fiquei frio o suficiente?

Ele: Não cara, você sempre vai ser assim.

Eu: Assim como?

Ele: Você gosta de musicais, você é o tipo de cara que acha que uma música pode mudar tudo, você manda flores, chama pra jantar, paga a conta, toda essa merda enlatada que você engoliu nos últimos 22 anos.

Eu: As coisas não podem ter mudado? Eu não posso ter mudado? Ela não pode ter mudado?

Ele: Não estamos nos anos 80, sua vida não possui script, quando você usa uma "punchline" não deixa as coisas épicas, na vida não tem trilha sonora e muito menos o diretor dessa merda é o John Hughes.

Eu: Eu acho que minha vida parece mais algo feito pelo Marc Webb

Ele: Cara, faça um favor a si mesmo e pare, de uma vez por todas, de criar esperanças sobre algo que NUNCA, NUNCA vai acontecer.

Ele se levanta e vai embora, mas quando chega perto da porta ele olha pra trás.

Ele: Sua vida não é um filme do Marc Webb, lá o rapaz consegue mudar de estação e você meu amigo...Continua preso no mesmo verão de sempre.

Não estávamos em uma praça, estava eu esperando que minha aula começasse naquela sala vazia que insistia em fazer 16º enquanto todo o resto da cidade chegava a seus 30º, eu queria dormir agora e acordar apenas na quarta-feira de cinzas. Sim, eu queria.